Vivemos em uma época em que a maior moeda é a ingratidão, onde filhos se esquecem dos pais e vice versa; pais que abandonam esposas e filhos para se atirar em uma aventura amorosa na ânsia de viver uma grande paixão, filhos que levam pais ou avós para asilos e lá os abandonam como lixos humanos.
Pais que descartam os filhos como se fosse um copo de plástico, por terem doenças cerebrais, físicas e com isso são abandonados e vivem sem ao menos saber o que é ter um carinho da família.
O que acontece com um ser humano para que se torne ingrato, mesmo quando ele foi bem tratado e amado por quem ele abandonou?
Eu já visitei vários asilos e varias instituições que cuidam de crianças com deficiência mental, física, e também velhinhos que infelizmente vivem cada dia pensando somente em estar ao lado de Deus.
Em meio a tantas visitas, não me esqueço especialmente de uma vez em que fui visitar um asilo para fazer um trabalho de faculdade, e quando chegamos no local tínhamos que fazer um teatro para os velhinhos que lá estavam, confesso que antes de fazer o teatro eu pensei que fosse uma grande besteira , pois pra mim não estávamos no meio de crianças e sim no meio de pessoas abandonadas pela família e que até então no meu entender não queriam saber de nada.
Quando começamos o teatro, reparei atentamente o rosto de uma linda vóvó, que chorava a cada gesto que fazíamos, e aplaudia com tanta emoção que eu sinceramente custei a conseguir terminar aquele teatro. Pois a cada fala o nó na garganta aumentava de tanta dó e pena por estar vendo aquilo.
Quando acabamos o teatro, eu fui de encontro a essa vóvó, e foi assim que me pronunciei o tempo todo com ela: VÓVÓ. Ela se chamava Margarida, e tinha 89 anos, era uma pessoa encantadora com os olhos azuis da cor do mar! Não consigo me esquecer daquele olhar carente, e ao mesmo tempo feliz por ter com quem conversar.
Durante todo tempo segurando a minha mão e fazendo carinho, ela me disse que quando viu o teatro, se lembrou dos netos e por isso chorou muito, pois já tinha 3 anos que ela não os via, tempo esse que ela foi para o asilo, infelizmente deixada pela única filha e genro!
Isso me cortou o coração, porque ela falava que sentia muita falta dos netos, e que sempre se alegrava com cada bagunça e cada novidade que eles faziam e mostravam a ela, e que seu netinho mais novo CAIO, adorava ficar imitando os atores de novela e falava que queria ser galã quando crescesse.
Naquele momento chorei copiosamente com a Vó Margarida, e lhe pedi a permissão para lhe dar um grande beijo e um confortável abraço, e ela sorrindo me disse: Eu iria adora meu neto, ainda mais um gatinho assim, rsrsrsrsrs!
Até hoje rezo pela vó Margarida, e me lembro daqueles olhos lindos, porem tristes por saber que tudo que ela fez pela sua filha durante tanto tempo gerou apenas a ingratidão!
Ela disse que foi para o asilo porque sua filha não quis assumir a responsabilidade de cuidá-la com atenção, carinho e amor, que a tratava com um descaso total, logo após ela ter sofrido um derrame e ficar sem os movimentos das pernas. Sua filha em vez de colocar fralda descartável, colocava um lençol amarrado em volta da cintura.
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